Áudio de Roberto Canado, historiador.
Após 467 anos de fundação, São Paulo não é uma obra concluída. Viva, a cidade se expande. Agrega culturas, multiplica formas e modifica a paisagem. Conheça as transformações de importantes territórios de São Paulo através do acervo do Museu do Ipiranga.
Navegue por imagens, vídeos e áudios e se conecte a essa aventura no tempo.
Versão com acessibilidadeMarco da fundação de São Paulo, o Pátio do Colégio passou por inúmeras transformações. Entre o período imperial e o começo da era republicana, o espaço foi palco de grande disputa pela demonstração de poder. O prédio religioso ganhou funções públicas e foi modificado. No século XX, a construção da réplica do colégio colonial retoma o vínculo dos jesuítas com a fundação da cidade.
Muitos tempos convivem na São Paulo oitocentista. A cidade de meados do século XIX, capturada pelas fotos de Militão Augusto de Azevedo e Guilherme Gaensly, já não era mais uma vila colonial, com a rotina pautada só pela igreja. Novas construções e serviços davam novo impulso à vida urbana. Porém, São Paulo ainda era uma cidade tributária de sua herança escravista.
Militão é um dos mais importantes fotógrafos brasileiros do século XIX. Em 1887, divulga o Álbum comparativo da cidade de São Paulo, um conjunto de 60 fotos que traça um comparativo entre pontos importantes da cidade durante os anos de 1862 e 1887. A publicação, que capta os últimos momentos de uma São Paulo de traços coloniais já em vias de modernização, é considerada pioneira na comparação da evolução urbana brasileira.
A Várzea do Carmo foi uma das zonas mais populares de São Paulo. Ficava ao lado do Convento do Carmo e era frequentemente atingida pelas cheias do rio Tamanduateí. No começo do século XX, a região foi transformada no Parque Dom Pedro, que se tornou um importante ponto de socialização na cidade. Depois dos anos 1940, o parque foi drasticamente reduzido pelo plano de avenidas do prefeito Prestes Maia.
Carros, avenidas, túneis e arranha-céus: a paisagem do centro de São Paulo nos anos 1940 e 50 já se assemelhava à das grandes metrópoles mundiais. Os cinemas e as galerias se tornaram ponto de encontro e as mulheres circulavam mais livremente. O fotógrafo Werner Haberkorn fez importantes registros dessa época. A cidade, porém, não se limitava a seus cartões-postais. Novos problemas surgiam, como o trânsito e a falta de infraestrutura nas periferias.
Em 2021, a Avenida 9 de Julho completa 80 anos. A ideia de sua construção surgiu em 1929, como uma tentativa de modernizar a cidade com a abertura de grandes vias que ligassem centro-bairro. Construída sobre o rio Saracura, a Avenida foi inaugurada em 25 de janeiro de 1941. Com os anos e o aumento da população no sentido Santo Amaro, a 9 de Julho perdeu suas calçadas arborizadas para a ampliação de pistas para automóveis e ônibus.
Os territórios de São Paulo seguem em construção. Após transferir seu setor de negócios e serviços do centro para a Avenida Paulista, no século XXI a especulação imobiliária elegeu novas áreas para instalar centros empresariais. Na marginal do Rio Pinheiros e na Avenida Faria Lima, os edifícios envidraçados desenham cenários futuristas. A ponte Espraiada é o novo cartão-postal dessa cidade que “ergue e destrói coisas belas.”
A Avenida Paulista está em uma das regiões mais elevadas de São Paulo. Idealizada pelo engenheiro Joaquim Eugênio de Lima, a via foi inaugurada em 1891. Por anos, foi o principal endereço das elites cafeeiras. Após 1950, tornou-se um polo empresarial e comercial. No século XXI, os grandes escritórios mudaram para outras regiões e a Paulista se reinventou. Hoje, é o epicentro cultural e político da metrópole.
Ainda não sabemos qual será o impacto da Covid-19 sobre nosso estilo de vida. Mas essa não será a primeira vez que uma epidemia pauta a maneira como as cidades se organizam. Muitas das melhorias urbanas dos séculos XIX e XX surgiram para conter doenças. Criado em 1895, Higienópolis foi o primeiro bairro paulistano a priorizar a higiene.
Curadoria do projeto:
Solange Ferraz de Lima
Concepção e edição:
Maria Eugênia de Menezes
Assistência de pesquisa:
Juliana Muscovick
Criação e design:
Elano Collaço e Mauro Paz
Produção:
WebProducer
Motion Design:
Nader El Kadri
Imagens históricas:
Acervo Museu Paulista
Fotografias atuais:
Murilo Oliveira
João Souza
Pam Santos
Fraya Frehse, Heitor Frúgoli, Jorge Pimentel Cintra, Milton Braga, Paulo César Garcez Marins, Sabrina Fontenele, Roberto Canado, Vanessa Costa Ribeiro.